Gisberta - 2 Anos Depois
O movimento Panteras Rosa, que combate a discriminação em função de orientações sexuais, assinala sexta-feira o segundo aniversário da morte do transexual Gisberto Júnior (conhecido como Gisberta ou Gi) com iniciativas artísticas no Porto e políticas em Lisboa.
Tiago Braga, um dos responsáveis do movimento Panteras Rosa - Frente de Combate à Lesbigaytransfobia, contou à Lusa que para o Porto estão previstas uma representação teatral e a pintura de um mural.
As iniciativas decorrerão cerca das 19:45 na Avenida de Fernão de Magalhães, junto ao imóvel abandonado onde, de acordo com um comunicado do movimento, Gisberto Júnior foi "torturado e lançado a um poço por um grupo de rapazes".
Em Lisboa, o movimento participa numa audiência parlamentar sobre a discriminação e o não reconhecimento de protecção e direitos às pessoas transexuais ou transgéneros.
A audiência está marcada para as 17:30 e é promovida pelo Bloco de Esquerda (BE), confirmou já este partido político, em comunicado.
A escolha deste dia para a audiência decorre da circunstância de passarem precisamente dois anos sobre o data (22 de Fevereiro de 2006) em que a violência sobre transexuais "ganhou maior visibilidade pública no nosso país, por causa do assassinato de Gisberta", explica o BE.
A formação política reconhece que, do ponto de vista político, "tem havido avanços importantes no combate à homofobia", mas não quanto à identidade de género.
Os maus-tratos a Gisberto Júnior foram perpetrados no parque de estacionamento do prédio inacabado, onde o transexual - que ali vivia em estado de saúde agónico - viria a ser atirado para um fosso, morrendo por afogamento.
As autoridades imputaram os crimes a 14 jovens, a maioria internos da Oficina São José, uma instituição de acolhimento de menores em risco, tutelada pela Igreja Católica.
Um desses jovens, actualmente com 18 anos, está a ser julgado nas Varas Criminais do Porto, estando a próxima audiência marcada para a tarde do dia 28.
O rapaz é acusado de ofensa à integridade física qualificada (três crimes, cada um punível com três a 12 anos de pris��o) e de um crime de omissão de auxílio, penalizado com prisão até dois anos ou multa.
Os outros 13 menores já foram julgados no Verão de 2006 no Tribunal de Família e Menores do Porto, por co-envolvimento no caso.
Foram condenados por ofensa à integridade física qualificada, profanação de cadáver tentada e, em alguns casos, por omissão de auxílio, com medidas tutelares de internamento em centro educativo até de 13 meses
Gisberta, descansa em PAZ!